30 September 2008

30.09.2008 Odisseia no Espaço
by Isabel Motta Mendes// SPUTNIK* #11




Foi elaborado recentemente um estudo sobre a noção de Espaço. Esse estudo tinha como universo 1 indíviduos: Eu.

Concluiu o estudo o seguinte:

‘(...) O indíviduo está a ocupar um Espaço-Redactorial de 8 linhas de texto e 41 caracteres, ou melhor 45, 46… enfim…; habita num Espaço-Área de cerca de 60 metros2, circula a maior parte do tempo num Espaço-Local chamado Lisboa, e tirando quando está com a cabeça na lua, esse indivíduo não ocupa nenhum Espaço-Espacial. Quanto ao Espaço-Físico, digamos que deveria andar pelos 67 kg… (...)’.

Tratando-se, todos estes, de tipos de espaço que cada indivíduo ocupa - e que podem ser medidos - o que dizer do espaço ocupado pela personalidade de cada um?

A verdade é que as pessoas são diferentes e isso nota-se assim que conhecemos alguém. Ou melhor, assim que olhamos para alguém. A forma de vestir, de andar, de falar, de se movimentar, são códigos da personalidade de cada um.

Se juntarmos indivíduos diferentes, esses sinais são óbvios. Mas imaginemos 5 homens vestidos de fato. O corte do fato, a sua cor, a camisa, a gravata e os sapatos, indicarão, certamente, o tipo de pessoa que está refém naquele espaço confinado que é o fato. Com base nesses indícios poderemos ter pistas do espaço que cada um deles ocupa. Não em termos de volume, mas de personalidade.

E quando pensamos nas diferentes personalidades das pessoas que conhecemos ou sabemos existir, podemos dizer que há pessoas que são espaçosas: entram numa sala e enchem-na; entram nas nossas vidas e ocupam, ou invadem, o nosso espaço. Como se instalassem à vontade e sem cerimónia.

Outras, porém, não ocupam espaço quase nenhum. Onde quer que estejam, estão bem, não empatam, não atrapalham. Às vezes, até, nem se dá por elas. Ou dá-se mas sem que isso seja mau.

E depois há, ainda, as pessoas que ocupam o espaço certo e que, onde quer que cheguem ou estejam, encaixam na perfeição naquele espaço. Como se fossem a peça que falta num puzzle.

Se sentimos isto intuitivamente, talvez não fosse, então, má ideia, arranjarmos uma unidade de medida que indique aos restantes, e de antemão, o espaço que fulano de tal ocupa. Idealmente deveríamos encontrar uma fórmula matemática capaz de calcular o espaço ocupado por cada um.

A partir daí, tornava-se possível calcular uma média de espaço ocupado pelas pessoas na nossa esfera pessoal. Tipo: Indivíduo A, que ocupa X unidades de espaço, tem capacidade para sociabilizar com um número de pessoas cujo somatório de unidades de espaço ocupado oscile entre Y e Z.

Desta forma, nunca excederíamos os nossos limites e saberíamos que a partir de determinado número já estaríamos a incorrer no erro de nos darmos com quem não devemos. Ou saberíamos que, para fazermos um pleno, teríamos de incluir na nossa esfera pessoal pessoa A ou pessoa B.

Claro que, a ser assim, o conceito de tipologia teria de ser revisto. Em vez de metros quadrados, os anúncios passariam a usar a nova unidade de medida. Onde costumamos ver ‘apartamento T4, 30 metros2’, ler-se-ia ‘apartamento com X unidades de medida de espaço-pessoal e Y unidades de medida de espaço social’. Seria o princípio da sustentabilidade do espaço ocupado em sociedade: usar apenas o estritamente necessário.

A ser assim, se calhar, o Júlio Iglesias, apesar de ter aquela quantidade de filhos, não precisaria de ter uma casa tão grande na República Dominicana (para não falar nas outras espalhadas pelo mundo). Ou, se calhar, até precisaria.

Talvez também fosse possível que algum sociólogo ou psicólogo, ao acabar de ler este texto, encontrasse aqui um tema de uma tese, ou um psiquiatra, uma oportunidade de negócio. Posto isto, acabei por me esticar até às 23 linhas de texto e 621 caracteres. Quer dizer, 625.

...

30.09.2008 Space Odissey
by Isabel Motta Mendes

It was recently elaborated a survey on the concept of Space. This survey had a universe of 1 individuals: Me.

The study concluded the following matters:

‘(...)The individual is occupying an Editorial-Space of 8 text lines and 41 characters, rather 45, 46 ... whatever..., lives in an Area-Space with about 60m2, travels most of the time in a Location-Space called Lisbon, and, without counting when it has its head in the clouds, this individual does not occupy any Spatial-Space. As for the Physical-Space, let’s say it should be around 67 kg ... (...)’.

Being all these, different types of space that each individual occupies - and that can be measured – what can we say about the space occupied by the personality of an individual?

The truth is that people are different and you can see that once you know someone. Better, once you look at someone. The dress code, the walk, the speaking mannerS, the way it moves, are all codes of one’s personality.

Piecing together different individuals, these signs are obvious. But imagine 5 men dressed in a suit. The cut of the suit, its colour, the shirt, tie and shoes, will certainly state the kind of person held hostage, in that wearable and confined space that is the suit. Based on those evidences we may have clues about the space that each one occupies. Not in terms of volume, but, instead, of character.

And when we think about the different personalities of the people we know or that we know that exist, we can say that there are people who are spacious: they enter a room and fill it; they come into our lives and occupy or invade our space. As if they would accommodate themselves with no ceremony at all.

Others, however, don’t occupy almost any space. Wherever they are, they are ok, without stalling, without getting in the way. Sometimes they don’t even get noticed and if they are, that is not necessarily a bad thing.

And then there are also the people who occupy the right amount of space and that, wherever they are or be they fit perfectly in that space. As if they were that missing piece in a jigsaw puzzle.

If you feel this by hart, perhaps it wouldn't be a bad idea to find a measurement unit to that would indicate to others, and beforehand, the space that a certain individual occupies. Ideally we should find a mathematical formula capable of calculating the occupied space by each one of us.

That way, it would be possible to calculate an average of space occupied by the people inside our personal sphere. Example: Individual A, whom occupies X units of space, has the capacity to socialize with a number of people whose sum of space units ranges between Y and Z.

This way we would never exceed our boundaries and we would know that beyond a certain number, we would be incurring the error of getting along with somebody we shouldn’t. We would also know that for getting along with the right amount of people, we would have to include in our personal orbit, the A person or the B individual.

Being so, the typology concept would have to be revised. Instead of square meters, the ads would use the new unit of measure. Where you would see ' T4 apartment, 30 m2 ', you would read 'apartment with X units of personal-spatial measurement units and Y units of social space measures". It would be the sustainability of occupied space in society principle: use only what is strictly necessary.

In this case, maybe Julio Iglesias, although having so many children, wouldn’t need having such a big house in the Dominican Republic (not to mention the others he owns around the world). Or, perhaps, he would.

Eventually some sociologist or psychologist, after reading this text, can find in it the theme for developing some thesis about it, or, on the other hand, a psychiatrist can predict a business opportunity. Having said so, I stretched up to 23 lines of text and 621 characters. I mean 625.

31 August 2008

Duas Ceroulas ao Sol...
by moov in BlueDesign // SPUTNIK* #10




Roupa. Existe lisa, às bolinhas, mais sofisticada, menos sensual, de poliester, caxemira ou algodão… No entanto, seja ela prêt-à-porter ou de gala, necessita de ser lavada. O que significa que, usando amaciador ou dois em um, todo o par de ceroulas terá de secar. E, chegados a este ponto introduzimos uma pequena mas relevante notícia para a prática arquitectónica veículada pela agência Lusa. Se, como é sabido, as grandes mudanças fazem-se anunciar por pequenos sinais, estes vêm para já de Tarragona, Espanha, onde o município fez aprovar uma lei que, e passamos a citar: “para garantir o respeito mútuo e a convivência entre vizinhos - é proibido estender roupa à vista do público, nas varandas e janelas.” Neste momento, já esquecido do suave odor a lavanda das ceroulas, interrogar-se-á o caro leitor: que raio de relevância pode ter uma norma municipal de nuestros hermanos para a prática arquitectónica aqui do burgo? Pois bem, correndo o risco de o desiludir, é a essa ligação improvável que se dedica esta prosa.

Ponto prévio: Portugal é célere na importação de boas práticas, principalmente, se elas vierem em letra de lei e não implicarem mudanças estruturais mas antes proibições e respectivas coimas. Portanto, a questão não será se, mas quando será adoptada tão importante peça legislativa em território luso?

Esclarecido este ponto, avancemos para o âmago da questão: as formas de ocupar e habitar os objectos arquitectónicos – vulgo edifícios - sempre motivaram acesas discussões que navegam no triângulo das bermudas formado pelo egocentrismo de quem projecta, as aspirações individuais de quem é proprietário ou utilizador e o politicamente correcto promovido por essa entidade abstracta e nebulosa que responde pelo nome de opinião pública. Quem projecta bate-se pela preservação de uma imagem inicial que não mostre sinais de colonização da obra por terceiros e perpetue a excelência do seu desenho. O facto de algumas soluções mostrarem ser muitas vezes desadequadas ou de necessidades quotidianas obrigarem a uma customização da obra por parte dos utilizadores, é assunto que não merece muita consideração quando comparado com a importância da preservação da sacrosanta imagem original. A nebulosa e flutuante opinião pública alinha, regra geral, pelo mesmo diapasão da petrificação do edificado, sendo avessa à mudança ou às marcas espontâneas da vida no construído.

Dois grandes tubarões navegam assiduamente neste fórum triângular e, pela preocupação que suscitam aos senhores do projecto e à zelosa massa de cidadãos preocupada com estas coisas da estética, parecem carregar aos ombros décadas de descaracterização do território e do belo edificado nacional. Se o caro leitor, recordando as ceroulas ao vento, identificou a roupa estendida na via pública - ó atentado maldito - como um dos predadores, acertou! O outro é uma verdadeira instituição da construção espontânea portuguesa e dá pelo nome de marquise de alumínio.

Mas o Grande Legislador, sempre atento às necessidades de uma comunidade exigente, prepara-se para resolver de forma impiedosa estas práticas tão ofensivas do bem estar público e da boa arquitectura. Depois da lei esperam-se zelosas brigadas da Polícia Municipal equipadas com poderosos Segways em busca de prevaricadores. Onde durante 60 anos secou a camisola do Eusébio, já não poderá mais secar a camisola do Cristiano Ronaldo por que alguém um dia entendeu que roupa estendida é feio... Feio, diriamos nós, é desperdiçar energia e dinheiro numa máquina de secar para se fazer uma coisa que a cultura popular à muito tinha resolvida com dois paus e um fio.

Uma cidade é como uma casa, precisa das impressões dos seus habitantes cravadas nas suas paredes, no seu chão, nas suas árvores, nos seus bancos... Precisa de testemunhos, de roupa estendida... é importante que o espaço público possa ser objecto da imprevisibilidade, da interacção e das marcas do quotidiano de quem nele habita e não apenas um cenário acéptico que obedece a um manual de condutas castrador.

Mestre Siza, podemos pôr um estendal em Serralves?

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Two Underpants in the Sun...
By moov in BlueDesign

Clothe. There are smooth clothes, dotted, more sophisticated, less sensual, of polyester, cotton or cashmere… However, be it prêt-à-porter or ceremony, sooner or later it has to be washed. This means that, using a simple or a two in one softener, the pair of underpants will necessarily have to dry. And, at this point where the dear reader already visualises the immaculate underpants in the sun ... we introduce small but important information for the architectural practice revealed by Lusa news agency. If, as you know, the major changes are announced by small signs, these one comes from Spain, more specifically from the city of Tarragona, where the municipality approved a law (and we quote): to ensure mutual respect coexistence between neighbours - is prohibited dry clothes in sight of the public, in balconies and windows. By now, you should have forgotten the soft smell of lavender of the underpants, but the dear reader should also be questioning yourself about: the relevance to municipality law of a Catalan city for the architectural practice here in Lisbon? Well, at the risk of disappointing, that’s the unlikely link to which we have dedicated this text.

Prior point: Portugal is known for being a fast importer of good practice methodologies, specially, if they come in letter of law and do not involve structural changes but rather bans and fines. So the question is not if, but when, the measure will be adopted as important piece of legislation in Portuguese territory.

Having clarified this point, let’s move towards the heart of the matter: how to occupy and live architectural objects – known as buildings. This always motivated heated discussions that sail the Bermudas triangle formed by the egocentrism of those who plan, the individual aspirations of who owns and the politically correct promoted by the abstract and nebulous entity that answers by the name of public opinion. Who projects battles itself for the preservation of an idealized initial image that doesn’t show signs of colonization by others. In the fact sometimes some of the solutions are inadequate or that the quotidian needs that require a user customization is disregarded if compared with the importance of the sacrosanct original trace. The nebulous and floatable public opinion agrees, in most cases, tunes by the same diapason preferring the established architectural patrimony, showing small sympathy for change and spontaneous life expression over the constructed.

Two big sharks sail chronically in this triangular forum and, by the worry they cause to the project masters and to the zealous mass of citizens worried with these aesthetic stuff, they seem to carry on their shoulders decades of territory and national architecture adulteration. If you, dear reader, remembering the underpants in the wind, identified drying clothe publicly has one of the predators, you are right. The other one can already be considered an institution of Portuguese spontaneous construction and it is called aluminium marquise, a kind of a balcony greenhouse.

But the Great Legislator, always regarding the needs of a demanding community, is preparing to solve in impetuous way this offensive practice on behalf of public welfare and good architecture. After this law, new municipality police brigades are expected, equipped with powerful Segways to search for prevaricators. Where for 60 years it dried Eusébio shirt, no longer can be held Cristiano Ronaldo’s because one day someone decided that putting clothes to dry is wrong and ugly. Ugly, we would say, it’s wasting time and energy in a drying machine to do something that the popular culture had solved so long ago with to stick and a string.

A city is like a house, it needs the impressions of its inhabitants carved in their walls, in its floor, its trees, on its benches... it needs evidence of drying clothe... it is important that public space can be object of unpredictability, of interaction showing the quotidian life scars of its habitants and not just an aseptic scenario that follows a castrating conduct manual.

Master Siza, can we put our clothes out to dry in Serralves?

30 July 2008

Tosta de Cucurbita c/ Cabra
By José Niza // SPUTNIK* #09



Um amigo (vamos lhe chamar Sr. G) disse-me que a Cucurbita deve ser apanhada cedo, pois quanto mais pequena, mais saborosa.

A Cucurbita, como toda a gente sabe é um “fruto pertencente à família cucurbitáceas, assim como a melancia, o melão e o pepino. Pertence ainda ao género das abóboras e costuma-se colher ainda verde”. Deflagrou originalmente no continente americano, desde o Peru até sul dos Estados Unidos e é considerado um fruto de fácil digestão, óbviamente rico em niacina. Apesar de estar ainda carregado de potássio, vitaminas do complexo B, A e C, acusa muito poucas calorias.

Também não é coisa que deixe grande marca nos livros de culinária tradicional Portuguesa nem tão pouco tenha tradição nos nossos solos. Na África e na Ásia é considerada um símbolo da abundância e da fecundidade. Ora, não será esta ausência estéril de cucurbitáceas em território nacional a razão óbvia da nossa frouxa taxa de natalidade?

Há muito que a emotiva Cozinha Italiana Mediterrânica e a Nouvelle Arrogance Francesa lhe reconhece os atributos e a virtude que passa por ser um ingrediente catalizador, que enfatiza e incorpora o sabor e aroma dos outros componentes, dando-lhes uma textura aveludada.

A Cucurbita pepo é afinal uma Courgette (para os mais refinados). Já para os mais puristas da grafia portuguesa (que por estes dias andam com azia) - é Curgete. Para além disto, é o único vegetal que não aderiu à globalização, uma vez que no Brasil é abobrinha, nos EUA e Itália é zucchini e pelos vistos, para os mais eruditos não passa de um cucurbitácio. Para deixar ainda mais baralhado quem confunde sempre salsa com coentros, é ainda estúpidamente parecida com um pepino.

Mas de facto o sr.G tinha razão. Mais pequenas, mais saborosas. Porém, o Sr. G foi longe de mais ao afirmar que a cucurbita tipo fenómeno do entroncamento é “coisa de agricultor amador” que se congratula pela virilidade e escala Guinessiana de tais vegetais.

Atenção! A Cucurbita é um animal astuto e veloz. Aconselha-se uma monitorização 24h para a apanha, pois vinte centímetros (apontado como o tamanho ideal) cresce a danada da abobrinha da noite para o dia.

Da minha sementeira, tão caseira quanto experimental, resultou um tal descontrolo de quantidade e escala (para lá dos 40 cm) que me levou a explorar todo tipo de receitas à base de cucurbita: sopas, grelhadas, saladas, pastas, patês, doces, granizados e até tostas!

A Tosta, companheira de ressaca nestas esgotantes tardes de Verão, mostra-se assim um providencial amigo e uma solução para escoar tal produto. Para mais, é um valioso aliado neste período, para quem está a viver uma rotina de sono até almoço, praia até ao jantar e copos até de manhã. Inveja.

Ajude-nos a acabar com a raça da cucurbita, envie-nos um postal [ Rua dos Fanqueiros nº286 3ºf 1100-233 Lisboa Portugal ] com a frase “eu quero muito receber uma cucurbita pelos CTT” e receberá uma acabada de apanhar *.

* oferta limitada ao stock existente.


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A friend (let's call him Mr. G) told me that the Cucurbit must be caught early, because the smaller are more palatable.

The Cucurbit, as everybody knows is a "fruit belonging to the cucurbit family as well as watermelon, melon and cucumber. It belongs to the gender of pumpkins and is usually caught when it’s still green. Originally from the American continent, from Peru to the southern United States and is considered a fruit easy digestible, obviously rich in niacin. It is also loaded with potassium, B complex vitamins A and C vitamins, but accuses very few calories.

Nor is it something that leaves big mark in cookbooks from traditional Portuguese cuisine nor has a tradition in our lands. In Africa and Asia is considered a symbol of abundance and fertility. However, shouldn’t this lack of cucurbitaceous over our national territory be considered the obvious reason of our weak birth rate?

Since along time ago the emotional Italian Mediterranean cuisine and the French Nouvelle Arrogance recognize it’s attributes virtues of being a catalyst ingredient, which emphasizes and incorporates the flavour and aroma of other components, giving them a velvety texture.

The Cucurbita pepo is after all a Courgette (for the most refined). For the most purist of the Portuguese spelling - is Curgete. Furthermore, it’s the only plant that is not adhered to globalization, since in Brazil is called abobrinha, in the U.S. and Italy its zucchini, for the most erudite ones is only a cucurbitaceous. To make it even more confusing for those who always mistake salsa for coriander, is still stupidly similar to a cucumber.

But in fact, Mr. G was right. The smaller are tastier. However, Mr. G has gone too far in saying that the phenomenon of growing giant cucurbits is "something of an amateur farmer", who fulfils himself by the Guinessian virility and scale of such plants.

Attention! The Cucurbit is an animal cunning and fast. We recommend a 24 hour monitoring for harvesting, because twenty centimetres (identified as the ideal size) grows the zucchini from night to day.

From my sowing, as homely as experimental, resulted such a wild quantity and scale (beyond the 40 cm) which led me to explore all sorts of cucurbit based recepies such as: soups, grills, salads, pastas, pâtés, sweets and even toast!

The Toast, partner of hangover in these exhausting afternoons of summer, shows up as a providential friend and a solution to drain this product. Further, it is a valuable ally in this period, for those who are living a routine of sleep until lunch, beach until dinner and beer until morning. Jealousy.

Help us to end the race of cucurbit, send us a postcard to [Rua dos Fanqueiros Nº 286 3º f 1100-233 Lisbon Portugal] with the phrase "I want very much to get a cucurbita by the CTT" and receive one*.

* Limited offer over existing stock.


1. Ingredientes / Ingredients

Faça uma limpeza ao frigorífico e recolha os seguintes ingredientes ou equivalentes. Nestas condições, contentamo-nos com o possível. Aquele pão velho e quase bolorento - o pão de ressaca - é perfeito pois ganha nova vida na tostadeira. Indispensável mesmo, só a dita cucurbita!

Clean the refrigerator and collect the following ingredients or equivalent ones. That old and almost mouldy bread - hangover bread - is perfect because it gains new life in the toaster. Essential only the actual cucurbit!

Cucurbita / Cucurbit
Queijo de Cabra / Goat Cheese
Pão / Bread
Tomate / Tomato
Sal / Salt
Pimenta / Pepper
Oregãos / Oregano
Coentros / Coriander
Bacon / Bacon
Limão / Lemon
Azeite / Olive oil
(...)




2. Preliminares / Foreplay

Para os menos radicais, sugere-se a extracção da epiderme dos vegetais e das carnes frias. A tribo vegetariana pode ignorar esta última recomendação.

For the less radical, it is suggested the extraction of the skin of plants and meats. The vegetarian tribe can ignore this last recommendation.



3. Fritura / Frying

Um fio de azeite directamente na tostadeira chega para alourar a abobrinha. A gordura natural do bacon fará o mesmo ao próprio. Não nos responsabilizamos se a garantia do aparelho não cobrir eventuais danos mas garantimos que, ao tostar o pão, a máquina fica limpa.

A yarn of oil directly in toaster is enough to golden the zucchini. The natural fat of the bacon will do the same to itself. We are not responsible if the warranty of the unit does not cover any damage but we guarantee that when toasting the bread, the machine will clean itself.


4. Lemon Tunning / Lemon Tunning

Temperar é um acto solitário e pessoal, tão preciso e rigoroso como o critério qb. Use o que quiser, ao seu gosto e responsabilidade mas recomendam-se 3 gotas de limão nas rodelas de courgette para afinar o paladar.

Tempering is a solitary and personnel act. Use what you want, to your taste and responsibility but recommend to 3 drops of lemon in each slice of courgette for tuning the flavour.


5. Assemblagem / Assembly

Lembre-se que a ordem da assemblagem das peças é indispensável para o sucesso deste kit tosta. Um fio de azeite humedece e lubrifica o pão preparando a recepção às pétalas de oregão.

Remember that the assembly order of parts is essential to the success of this toast kit. A thread of olive oil moistens and lubricates the bread preparing it to receive the marjoram petals.










As melhoras. Get well soon.

30 June 2008

PENSE NICHO
By Ivo Poças Martins e Pedro Barata Castro // SPUTNIK* #08













PROPOSTA DE ACTIVIDADES PARA “aos Domingos o Terreiro do Paço é das pessoas”
PROPOSAL OF ACTIVITIES TO "at Sunday´s the Terreiro do Paço is for the people"

Fechado ao trânsito e com animação, o Terreiro do Paço “é das pessoas” ao Domingo, diz a Câmara de Lisboa. As actividades são todas temporárias – este Domingo vai haver um megamagusto de S.Martinho com “o maior assador de castanhas do mundo” -, e a ideia é lançar o debate sobre o futuro da praça. Com carros, sem carros, com árvores, sem árvores, com barraquinhas, sem barraquinhas?(...) (...)Durante os próximos meses a Câmara está aberta a propostas de grupos, organizações, artistas, todos os que tenham ideias para animar a praça aos Domingos.(...)
Alexandra Prado Coelho, in Jornal Público 6 de Novembro de 2007

Closed to traffic and with street animation, at Sunday’s the Terreiro do Paço “is for the people” – says the Municipality. The activities are all temporary - this Sunday we have a mega-Magusto of Stº Martinho party with “the largest chestnuts griller of the world”-, but the overall idea is to discuss the future o the square. With cars, without cars, with trees, without trees, with stands, without stands? (…) (…) During the next months the Lisbon’s Municipality is open to proposals from groups, associations, artists, all that have ideas to revitalize this square on Sundays.(…)
Alexandra Prado Coelho, in Jornal Público 6 de Novembro de 2007

“Pense Nicho”, a proposta de actividades para os nichos do Terreiro do Paço que aqui se apresenta, é um trabalho presentemente em desenvolvimento, após ter sido (inesperadamente) aceite pela Câmara Municipal de Lisboa como válido/ possível. A fase em que se encontra é a de divulgação e angariação de contributos, pelo que esperamos que este mesmo artigo possa contribuir nesse sentido.

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“Pense Nicho”, the proposal of activities presented here is a project in development, after (unexpectedly) be considered a valid possibility by the Municipality. At this stage is being promoted so that it can find contributions and/or financial support, so that we count on Sputnik* to help in this matter.

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“Um pequeno Paço para o Homem”, “4, 3, 2, 1” e “Ignition!”, os títulos que estruturam o artigo, procuram remeter não só para a importância da pequena escala e do sentido de apropriação na relação com espaços de grande escala, mas também para a noção de uma contagem decrescente em que se passa, no final, a possibilidade de concretização para o lado dos leitores, dos cidadãos. O que propomos é um estímulo à livre iniciativa e à auto-proposta, que esperamos poder receber em http://www.pensenicho.blogspot.com/

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“One small step for the Man”, “4, 3, 2, 1” e “Ignition!, the structuring titles, lead us not only for the importance of small scale regarding the sense of appropriating in the relation with big scale spaces, but also to the notion of an decreasing countdown which we go through that, in the end, passes the possibility of materializing to the reader and the citizen. What we propose is a stimulus for free enterprise and self-proposal, which hope to receive in http://www.pensenicho.blogspot.com/
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UM PEQUENO PAÇO PARA O HOMEM
O Terreiro do Paço foi (e é) fundamentalmente um espaço de representação de poder. A relação que se estabelece entre individuo e espaço baseia-se normalmente numa forma de comunicação unilateral que o torna o primeiro num sujeito passivo, num observador exterior.
Numa leitura atenta percebe-se que a estátua central é um elemento excepcional na Praça não só pela sua dimensão e centralidade, mas também pelos níveis raros de apropriação que permite às pessoas, que se deitam nas escadas a apanhar sol a Sul ou se sentam a ler o jornal à sombra do lado Norte, ou sobem uns degraus para ver o rio, etc. Foi precisamente neste sentido de (re)descoberta de espaços que, pela sua escala e flexibilidade funcional, potenciam uma aproximação aos cidadãos, que propusemos a inclusão dos nichos existentes sob as arcadas como possíveis locais para actividades aos domingos. Reconhecemos nas suas qualidades espaciais o potencial latente para subverter a original vocação representativa e evocativa, centrando-a no cidadão.
Ampliando a visibilidade das acções individuais, acreditamos poder ampliar também, na consciência colectiva, o sentido de apropriação do espaço. “Um pequeno Paço para o Homem” refere-se também à analogia possível com a imagem da pegada de Neil Armstrong na Lua, no reforço do sentido de apropriação colectiva a partir de uma iniciativa individual.
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A SMALL PAÇO (STEP) FOR THE MAN
The Terreiro do Paço was (and is) fundamentally a spatial representation of power. The relation established between the individual and space is normally based on a unilateral communication that transforms it in a passive element, an outer observer. In a closer observation, we realise that the central statue is an exceptional element in the square not only for its dimension and centrality, but also by the rare level of appropriation that allows to the people who lay down on the steps to catch the sun in the south, or the other that sit to read the newspaper at the North side or even the ones who climb them to look at the river, etc... It was precisely this space (re)discovering sense that, by its scale and functional flexibility, catalyse and invite the citizens approach, that we proposed the inclusion of the existing “nichos” or niches (under the arcades) as possible spots for the city's Sunday activities. We recognize in its spatial qualities the potential to subvert its original representative and evocative vocation, focusing it now in the citizen. Amplifying the visibility of individual actions, we believe we are also amplifying a collective conscience, in the sense of spatial appropriation. “A small Step for the Man” it also refers to a possible analogy with the image of Neil Armstrong's footprint on the Moon, supporting the idea of a collective appropriation based on an individual gesture.
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4, 3, 2, 1...
Propusemos para os nichos quatro actividades pensadas de modo a poder ser realizadas de forma sequencial ao longo dos quatro domingos de um mês. Este período de tempo permitirá que a percepção do potencial de uso dos nichos por parte dos cidadãos seja progressiva e continuada e, simultaneamente, evitará um prolongamento excessivo da ocupação, facto que poderia originar uma leitura errada da proposta como obsessão por preencher vazios.
As actividades propostas permitem uma calendarização livre, compatível com qualquer mês e com quaisquer actividades que decorram em paralelo na praça ou sob as arcadas. Têm em comum a abertura à apropriação individual ou colectiva, a redução de custos para ampliação de efeitos e a coerência relativa a cada situação espacial específica.
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4, 3, 2, 1...
We proposed four possible activities for the “nichos” thought in a way that they could occur sequentially along the four Sundays of any month. This period of time will allow that the perception of potential use of this spaces by the citizen can go on regular and progressively, but simultaneously avoiding an excessive occupation of this spaces that could make the project pass only for an obsession for filling the voids. These activities will allow having a free agenda, compatible with any month and any other activities that run simultaneously in the square or in the adjacent arcades. They have in common the vocation to invite to the individual or collective appropriation, the cost reduction versus the optimizing of the impact of the initiative, and the coherence in each specific spatial scenario.
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FADO AO DESAFIO
Localizando os fadistas frente-a-frente, esta proposta tem uma sintonia completa entre forma e função, resultante não só da adequação ao diálogo implícito entre nichos, mas também das boas condições acústicas do espaço sob a arcada.
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FADO CHALENGE
Putting fadistas (fado singers) front-to-front, this proposal promotes a complete harmony between form and function, resulting not only from the relation of implicit dialogue within them, but also the acoustic quality of this scenario.

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PÓDIO DE PROVA DESPORTIVA
Proposto para um dos nichos isolados existentes, o pódio contem em si a ideia de celebração/ classificação de provas desportivas que possam decorrer sob as arcadas (desde corridas informais de bicicletas entre crianças a provas de atletismo). O primeiro classificado ocupará o espaço central do nicho, preenchendo assim temporariamente aquele espaço com o seu sentido ancestral: servir de receptáculo a santos ou heróis do seu tempo (ainda que este tempo seja apenas um domingo de manhã).
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SPORTS PODIUM
Proposed for one of the most isolated existing niches, the podium contains in itself the ideia of celebration/classification of a sportive competition that may occur under the arcades (from an informal child bike races to athletic competitions). The first classified will occupy the central space of the niche, thus temporarily filling that space with its ancestral sense: to serve as a receptacle saints or heroes of his time (though this time is only one of Sunday morning).
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SPEAKERS CORNER
O título inglês remete para os discursos públicos por iniciativa individual que ocorrem originalmente no Hyde Park de Londres. No entanto, existem já exemplos equivalentes em Portugal, nomeadamente o programa “Tribuna Livre”, transmitido pelo Porto Canal a partir de espaços públicos da cidade.
Procuramos aproveitar a visibilidade e a localização estratégica dos nichos para potenciar a capacidade de comunicação individual de quem se propuser a tal. Sugerimos que se encoste simplesmente uma escada ao nicho, incentivando à apropriação e iniciativa individual sem comprometer a especificidade própria de cada interveniente.
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SPEAKERS CORNER
The title refers to the English public speeches by individual initiative occurring originally in Hyde Park, London. However, there are already equivalent examples in Portugal, namely the "Free Tribune", broadcasted by Oporto Channel from public spaces in the city. We intend to take advantage of the visibility and strategic location of niches to boost the capacity of individual communication of those who propose themselves. We suggest a simply a ladder laid close to the niche, encouraging the ownership and individual initiative without compromising the uniqueness of each player.
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MARIONETAS
Legitimado pela facilidade com que o espaço sob as arcadas se transforma num pequeno auditório informal (como tem acontecido em algumas das iniciativas da C.M.L.), um espectáculo de marionetas será um bom programa para ocupar um dos nichos.
Propomos que o marionetista fique posicionado dentro do nicho e que o espectáculo se desenvolva ao nível do chão. Em vez de ficar completamente escondido, propõe-se apenas deslocar o marionetista do plano da representação. Deste modo a própria manipulação das marionetas torna-se um espectáculo em si, aproximando um espaço de representação ao cidadão, o que é, no fundo, a essência da iniciativa “aos Domingos o Terreiro do Paço é das pessoas”.

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PUPPET SHOW
Validated by the ease that the arcade offers to transform itself in a small auditorium (as it has happened in some other Municipality activities), a puppet show would be a good event to happen in one of the niches. We propose that the puppeteer should be positioned inside the niche and that the show should develop at ground level. Without being completely hidden, we propose he should be only dislocated from the plateau level. This permits that the manipulation of the puppets becomes a show itself, taking the performing space closer to the citizen, that is the essence of this initiative “at Sundays the Terreiro do Paço is for the people”.

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IGNITION!
Após aprovação pela Câmara Municipal de Lisboa, que se interessou em materializar as propostas, decidiu-se seguir duas vias paralelas: uma correspondeu ao convite a pessoas e colectividades ligadas às quatro actividades propostas, por parte da Câmara; a segunda via, que nos interessa aqui explicar melhor, corresponde à divulgação da iniciativa e da abertura a propostas de actividades para ocupação temporária daqueles espaços.
Transcrevemos abaixo a proposta de divulgação enviada à Câmara Municipal de Lisboa, por considerar não só que descreve de forma completa a intenção, mas também por nos parecer que, neste caso, o próprio processo de trabalho correspondeu a uma forma prática e directa de iniciativa e participação individual para acção sobre o espaço publico.

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IGNITION!
After the approval by the Lisbon's Municipality, that showed interest in materializing these proposals, we decided to follow two parallel paths: the first one was to invite people and associations related to the four proposed activities in behalf of the City Hall; and the second one, that we want to further describe here, is the disclosure of the initiative and its aperture to other temporary activities that can occur within these spaces – the niches.
In the text bellow, we transcribe the proposal sent to the Municipality, not only because we consider that completely describes its intents, but also because it seems to us that, in this case, the working method developed in a practical and direct way of participate and act individually in public space.

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DIVULGAÇÃO E ANGARIAÇÃO LOCAL DE PROPOSTAS DE ACTIVIDADES PARA OS NICHOS

Conceito
A forma de divulgação proposta procura aproveitar a visibilidade dos nichos, sublinhando simultaneamente a existência de um espaço disponível para apropriação.
A solução corresponde à inscrição da informação sobre uma cortina plástica que corre ao longo de um varão. Desta forma, na qual se reconhece a associação a ambientes domésticos e à escala humana, sublinha-se o possível papel do indivíduo na abertura do espaço à cidade.
Escondendo parcialmente o espaço que apenas deixa entrever, a própria divulgação activará a curiosidade e a imaginação de quem passa, facto que enriquecerá a transmissão da mensagem.

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DISCLOSURE AND LOCAL RAISING FOR ACTIVITIES PROPOSALS FOR THE NICHES
Concept The form of disclosure proposal seeks to take advantage of the of the niches and its visibility, while underlining the existence of a space available for appropriation. The solution is the inclusion of printed information on a plastic curtain that runs over a rung. In this way, in which is recognized an association with home environments and human scale, it's emphasised the possible role of the individual in opening the space to the city. Hiding partially the space that it only let's perceive, this narrow disclosure is enough to activate the curiosity and imagination of the passer by, enriching the transmission of the message.

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Materiais / Custos
A definição material procurou conciliar a coerência conceptual acima descrita com a necessária redução de custos e com o cuidado a ter com o próprio nicho (o varão será preso apenas por pressão, dispensando qualquer outro tipo de fixação mais agressiva).
Assim, cada dispositivo de divulgação será composto pelos seguintes elementos:

- 1 varão ORE (Ikea) - 2.99 EUR
- 1 cortina NACKEN (Ikea) - 1.50 EUR
- 1 Conjunto de argolas VISEN (Ikea) - 1.50 EUR
- 1 impressão de texto e imagem em vinil para aplicação sobre a cortina - oferecida pela empresa de impressões Tommasino, desde que com referência ao seu apoio.

O custo total de cada um dos dispositivos de divulgação propostos perfará assim um total de 5.99 EUR. (considera-se ainda a possibilidade de pedir um apoio ao IKEA, reduzindo o custo a zero). Propõe-se ocupar quatro nichos com este tipo de divulgação, cada um dos quais ilustrado com uma possibilidade diferente para ocupação do espaço.

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Materials / Costs
The definition material sought to reconcile the conceptual consistency above with the necessary reduction in costs and with care to have with each niche’s architecture (the rung will be fixed only by pressure, without any other type of more aggressive method). Thus, each disclosure device will be composed of the following elements:

- 1 ORE stick (Ikea) - 2.99 EUR
- 1 NACKEN curtain (Ikea) - 1.50 EUR
- 1 VISEN oreos kit (Ikea) - 1.50 EUR
- 1 printed vinyl sheet with text and image for fixation over the curtain – offered by Tommasino printing services.

The total cost of each device is 5.99€. ( IKEA official support is under consideration)
Four locations are proposed to receive these disclosure devices, each one illustrating a different possible occupation.

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DIVULGAÇÃO / TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO RECEBIDA
Para além da divulgação da iniciativa, os painéis deverão conter um contacto (mail e/ ou telefone), a ser usado pelos potenciais interessados para apresentar as suas propostas e/ ou questões.
Neste contexto, propõe-se também a criação de um blog (entretanto já registado e visitável, em www.pensenicho.blogspot.com ), base de comunicação e divulgação livre e mais abrangente, através da qual se poderá ampliar quer a divulgação e angariação de contribuições, quer o eco das possíveis iniciativas apresentadas.

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DISCLOSURE / PROCESSING OF THE RECEIVED INFORMATION
Besides the divulgation of the initiative, the panels should also have a contact (email or phone), to be used by potential users interested in sending proposals or questions.
In this context, we also propose the creation of a blog ( already registered online, www.pensenicho.blogspot.com ), a wide and free communication platform, that can amplify the disclosure for possible supporters contribution but also to promote the eco of the presented initiatives.

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PENSE NICHO...

02 April 2008

Do Schools Kill Creativity?
By SIR Ken Robinson // SPUTNIK* #07
(in TEDTALKS / FEB. 2006)



30 January 2008

Anatomia de um devoluto

By António Louro // SPUTNIK* #06



Fotografias tiradas no nº229 da Rua Augusta
Em Lisboa, calcula-se que existam cerca de 40.000 casas devolutas.
Photographies taken on the n229 of Rua Augusta.
In Lisbon, it's calculated around 40.000 empty houses.

30 December 2007


Documenta 12
By Cláudia Campos // SPUTNIK* #05

O primeiro vislumbre da Documenta em Kassel era o campo de papoilas que ocupava a Friedrichplatz. Frente ao Museu Fridericianum, a casa-mãe da exposição, num domingo demasiado quente, „Poppy field“, a instalação da croata Sanja Ivekovic, tinha a capacidade de transformar o espaço público, duro e urbano, num imenso jardim tingido de vermelho carregado de poesia, onde apetecia permanecer e passear.
A Documenta, considerada a maior e mais importante exposição de arte contemporânea do mundo, acontece de 5 em 5 anos, e em 2007 foi visitada por cerca de 750 mil pessoas durante os tradicionais cem dias de exposição.
Pela segunda vez, as obras foram distribuídas por vários edifícios, construídos ou adaptados, ao longo dos anos, alargando o espaço físico da mostra e permitindo que se tornasse num percurso expositivo. Nesta edição, os franceses Lacaton&Vassal foram convidados a projectar o „Aue-Pavillion“, pavilhão efémero junto à centenária Orangerie.
A edição decorreu envolta em controvésia, pelo que propõe-se aqui compreender melhor a mostra - sem o peso da crítica ou do moral da história mas analisando intenções, objectivos e resultados.

I
Na Documenta, virtude da especificidade do evento, onde as condicionantes são quase nulas à excepção da data e espaço gegráfico (a cidade), a escolha do director artístico é determinante na orientação e resultado da mostra. Aqui não existe a colecção com a qual trabalhar, nem a encomenda sob um tema específico ou a orientação vocacional da entidade promotora. O conceito da exposição é dado a desenvolver ao director artístico nomeado para cada edição. Este tem também carta branca para nomear um ou mais curadores, figura, que desde os anos 60, tem vindo a ganhar um papel fundamental como interveniente do processo artístico. A Documenta 12 teve como director artístico Roger M. Buergel e como curadora Ruth Noack, casal-dupla de curadores alemães (ela é também historiadora de arte) que em 2007 vêm dar corpo ao evento com ideias bem definidas sobre o seu rumo.

II
Defensor da slow art, Roger M. Buergel afirmou em entrevista e acerca do conteúdo da Documenta:“It's not about fascinating people with the strange and unknown, but rather about bringing things that people know nearer to them. We want to remind people to look at things more closely.“.
O primeiro pressuposto da dupla é de que o público contemporâneo já é culto e esclarecido pela acção didática dos museus e pela omnipresente comunicação dos media. Esta manutenção da informação resulta, segundo os curadores, numa indesejável passividade do espectador. Como tal, para apresentar na Documenta, foram selecionados artistas menos (ou quase nada) conhecidos, contornando-se os circuitos habituais expositivos, de galerias e outros mercados de arte, surpreendendo a multidão curiosa do meio artístico e da imprensa especializada.
Para quem visitou Kassel, é óbvio que algo foi feito por evitar as obras aparatosas ou a realização tecnológica, que mais facilmente se podem afirmar pelo fascínio próprio da realização em detrimento do significado. A valorização do low tech e de alguma sobriedade são também visíveis na opção gráfica do logotipo da Documenta, na restante comunicação (site, etc) e na sinalética no recinto: a simplicidade das letras manuscritas sobre um mero fundo branco.

III
Noack e Buergel procuram pôr em prática a experiência estética de Kant, que se define pelo resultado da relação entre um sujeito e um determinado objecto fruto da sua observação desinteressada. Este processo está totalmente dissociado de mecanismos racionais e implica uma ausência de espectativa de benefício por parte de quem observa.
Qual a melhor forma então de provocar a verdadeira experiência estética que apresentar obras de artistas emergentes em vez dos habituais famosos e consagrados cuja reputação precede a obra? E que melhor maneira de desacelerar o processo de consumo da arte que optar por trabalhos dos quais é necessário aproximarmo-nos porque, dir-se-ia, falam baixinho?
IV
Pelo descrito atrás poderia pensar-se que o efeito da Documenta 12 deveria ser calmo e controlado, apaziguador para o espírito.
Pelo contrário, para estes curadores, a arte é a ferramenta de compreensão da essência humana e responsável pelo desencadear de acções - a dimensão libertadora da arte (tónica marxista da educação pela arte aplicada à compreensão da globalização e suas complexidades culturais, tema tão premente no mundo contemporâneo). A proveniência dos artistas escolhidos da chamada periferia é sintomática: África, Ásia, América Latina e Europa de Leste perfazem grande parte dos nomes diminuindo consideravelmente a origem ocidental do eixo América do Norte - Europa. Assim, os mesmos media responsáveis por „deturpar a experiência estética“ elegem com as suas noticias, os países, cujas crises politicas, sociais ou económicas, podem ter mensagens que veicular.

V
Um dos problemas do mundo global é a dificil interpenetração causada pelas clivagens culturais. Buergel e Noack quiseram domesticar essas diferenças pela exposição, diversificação e desmontagem. O objectivo pedagógico é muito forte nas intenções da dupla. Neste sentido, uma das realizações assinaláveis da Documenta 12 foi a rede editorial criada com 90 publicações de arte, cultura e comunicação do mundo inteiro que, durante meses, pensaram e debateram os temas intrinsecos à documenta 12, discussão que ganhou vida própria materializada em mais de 300 artigos publicados. A intenção foi mais uma vez abarcar a multiplicidade do real e a maneira de chegar ao conhecimento especifico de cada local para logo o tornar acessivel ao mundo. Uma das vantagens desta iniciativa é a estratégia de marketing, intencional ou não (se bem que o marketing é sempre intencional), que dela resulta através da disseminação virtual do evento.

VI
O meio físico da apresentação têm uma enorme importância para os curadores. Os trabalhos estavam, como se assiste actualmente no universo expositivo, contextualizados no espaço em que se inseriam, respondendo-lhe e melhorando-o. Uma tentativa de caracterização dos espaços com cores nos materiais de revestimento ou em filtros nas janelas denotam a recusa do white cube - o espaço expositivo sem referências, branco e abstracto. Aqui, pelo contrário, cada espaço tinha a responsabilidade de adicionar significado à obra intensificando a mediação objecto-público.

Ao percorrer-se o percurso expositivo, as diferentes obras de um mesmo artista podiam ser encontradas em distintos locais. Não se sabe se estariam reunidas por afinidade de contexto ou por um tema dificil de descortinar ou porque a exposição quis ter, como afirma Buergel, „[...]a importância do todo e não do artista enquanto indivíduo.“,
A verdade é que o resultado era confuso e que havia trabalhos que se destacavam, felizmente. A unidade ou harmonia ambicionadas não eram assim tão evidentes.
Se se consegue adivinhar o tema que presidiu ao trabalho de recolha de obras do curador? Se existiu um ou vários temas? Se houve uma estruturação dos trabalhos reunidos e separados nos diferentes espaços? A resposta talvez assentasse nos leitmotifs da Documenta (em formato de perguntas), não fossem eles abstractos e abrangentes. Assim, a mim parece-me que não, mas mais uma vez isso depende da observação subjectiva de cada um. Sintomático é que a falta de textos explicativos junto às obras tivesse que ser comaltada perto do fim da exposição porque as queixas tornaram-se demasiado frequentes.
Apesar de não ter visitado nenhuma das edições anteriores atrevo-me a afirmar que a descontracção e a naturalidade evidentes na 12ª mostra e na sua relação com o público foram qualidades que, não obstante o mérito dos curadores, estiveram já presentes no passado e que decorrem da situação informal do percurso expositivo e da variedade e quantidade apresentadas. A sensação que perdura, depois da visita, é a mesma que já experimentámos com pessoas, situações ou locais: não impressiona muito mas estranhamente também não sai da memória.
Mas, de certa forma, cumpre o seu papel: ainda que em parte devido à sua crescente exposição mediática nunca a Documenta foi tão debatida e os seu conteúdos curatoriais questionados.E, em parte, era esta a reacção que Buergel e Noack ambicionavam.

“We conceive of the exhibition as a medium. This takes us away from the mere representation of the ‘world’s best artists’ to the production of an experiential space, in which it is possible to explore the terms ‘art work’ and ‘public’ in stark juxtaposition. What is contemporary art? What is a contemporary public? The experience of art is always the experience of life. If we wish to redefine this relationship, we require a medium to remove us from our immediate “living context”. The aesthetic experience, which begins where meaning in the conventional sense ends, could be such a medium.“ (Roger M. Buergel, Ruth Noack)

- - - english version - - -
The first glance we got from Kassel’s Documenta is the poppy field laying on Friedrichplatz. Facing Fridericianum Museum, the main building, in a much too hot Sunday, „Poppy field“, Sanja Ivekovic’s instalation, had the ability to change the urban public space turning it into a red painted garden, where we felt like rest and stroll around.
Documenta, regarded as the world’ s biggest and most important exhibition of contemporary art, comes along every 5 years and was visited by a 750 000 crowd in 2007, during its 100 days lifetime.
For the second time, works were scattered over several buildings, constructed or adapted, over the years, widening the exibition’ s physical space and making an exhibiotn path. This time, french architects Lacaton&Vassal were invited to design the „Aue-Pavillion“, the temporary pavillion next to the Orangerie.
This edition was surrounded by controversy, so we propose to get to a better understanding of the exhibit – it is not intended to give a critical essay but to analise wishes, objectives and results.

I
Due to Documenta specific context, limited only by time and location, the Artistic Director nomination is essential to settle the exhibition guidelines. Here, there isn’t the collection to work with or the order under a specific theme or client to answer to. The concept of the exibition is developed by the selected Artistic Director. He or she is free to choose one or more curators, activity which has having more and more a crucial role int the artistic process, since de 60’s. Documenta 12 has Roger M. Buergel as his Artistic Director and Ruth Noack as curator, a couple which often work together.
II
Supporting the idea of slow art, Roger M. Buergel has told in a interview about the contents of Documenta:“It's not about fascinating people with the strange and unknown, but rather about bringing things that people know nearer to them. We want to remind people to look at things more closely.“.
The pair believes that contemporary audiences are already educated and enlightened by the educational hand of museums and the ubiquitous media comunication. The way information is dealt with results, according to the curators, in an undesired dormant public. To escape this, the work of less famous (or unknown) artists were presented in Documenta 12. Therefore it was possible to avoid the regular exhibit circuits of art galleries, surprising the curious art world and the specialized media.
For those visiting Kassel, it is obvious that somenthing was done, also, to avoid boisterous or technological works, which can create agitation by the way it is done rather than what is saying. Low tech and sobriety were valued in this edition of Documenta, and to prove it there are all the graphic communication: logo, site, .... - simple handwritting words on a white paper.

III
Noack and Buergel aim to apply Kant‘s aesthetic experience, which happens when a subject observes an object without preconceived ideas or other interest whatsoever. This process is totally disconected from racional mechanism and can only be obtained when the subject has no expectation of gain any benefit from this experience.
Which would be the best way, then, to create real aesthetic experience than to present emergent artists instead of famous ones which reputation comes ahead of the work? And which would be the best way to slown down the process of consuming art than to choose works that are necessary to get closer to in order to listen to them?

IV
By what was said before, someone could think that Documenta12 effect on people was calm and controlled, tranquilizing the spirit.
By the contrary, for the curators, art is the key to understand the human essence and is responsible for trigger reactions – art’s liberating dimension (as if the marxist‘ s art education could reveal the globalization and its cultural complexities).
Selected artists‘ origin has much to say: Africa, Asia, Latin America and Eastern Europe make most of the list diminishing invitations from the easter axis – North America/Europe.
Therefore, the same media responsible for „corrupting the aesthetic experience“, in their news, elect the countries wich political social and economical crisis make them eligible to be presented.

V
One of the problems of the globalized world is the dificult interpenetração, caused by cultural disparities. Buergel e Noack wanted to domesticate this differences by exposing, varying and deconstructing. The pedagogical goal is really strong within the couple.
In this sense, a remarkable achievement was the editorial network created upon 90 comunication, art and culture publications from all around the world. For months they though about and debated the themes generating over 300 published articles. The purpose was, once again, to embrace multiple realities and getting to specific knowledge to make it acessible to the world. Other of its advantages was the marketing strategy that generated from the virtual spreading of the event (we can wonder about the intentionality of this but marqketing is always intentional).

VI
The space of presentation is utterly important to the curators. The works were, as can be seen nowadays in exhibitions everywhere, integrated in the surroundings, relating to it. There was an attempt to characterize space through color on materials and light filters, refusing the white cube – the exhibition space without references, white and abstract. Each space had the responsability to add meaning to the work, enhancing the relation public-object.

When going along the exhibition, different works from one artist could be found in distint places. Its not known wether they were put together by expressing similar meanings or because they related by theme or still because the display wanted to have, like Buergel says: „[...]the strengh of the whole instead of the artist individually.“.
The truth is that the result was misleading and fortunatelly there were some works that would stand out. The unity and harmony desired were not achieved.
If is possible to guess the theme which lead the curators work? If there was one or several themes? If there was a logic behind the gathering and scattering of the works through differente spaces? The answer may lie on the Documenta’s leitmotifs (questions), if they where more objective. Therefore, I don’t think so, but again, it depends on each interpretation. Meaningly, explanation texts of the works, which didn’t exist, had to be included because of so many complaints.
Although not having visited any of the former editions of Documenta, I dare to say that the relaxed and easy going feeling around the 12ª exhibit were there already in the past and are a spontaneous manifestation of everything’s informality.
The sensation kept within is the same already experienced with people, situations or places: it doesn’t strike you but nevertheless it can’t be forgot.
But, in a certain way, it fulfills its destiny: even in some part due to the increansing mediatic exposure, never Documenta was so discussed and its contents questioned. And this was, to some extent, what Buergel and Noack expected.

“We conceive of the exhibition as a medium. This takes us away from the mere representation of the ‘world’s best artists’ to the production of an experiential space, in which it is possible to explore the terms ‘art work’ and ‘public’ in stark juxtaposition. What is contemporary art? What is a contemporary public? The experience of art is always the experience of life. If we wish to redefine this relationship, we require a medium to remove us from our immediate “living context”. The aesthetic experience, which begins where meaning in the conventional sense ends, could be such a medium. “(Roger M. Buergel, Ruth Noack)